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title = "Arquivos de Configuração"
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date = 2015-12-22
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Essa é a parte em que eu menti.
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<!-- more -->
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Lembram que bem no começo, quando estávamos falando dos modos de execução, eu
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comentei que o modo Ex não era usado?
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Bom, eu menti. MUAHAHAHAHA!
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![](muahaha.jpg)
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Na verdade, o Modo Ex não é chamado comumente, mas os arquivos de configuração
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do VIM são um grande amontoado de comandos executando em modo Ex.
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E o que é o modo Ex, afinal de contas? O modo Ex nada mais é que o modo de
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comando sem a necessidade de usar `:` na frente de todos os comandos. Como
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ficaria complicado para, por exemplo, entrar no modo Ex, executar e arquivo,
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sair do modo ex e entrar em modo de inserção, até o momento temos usado o modo
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de comando para isso, já que economiza um monte de tecladas. Como não iremos
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ficar indo para o modo de inserção o tempo todo, e não faz sentido fazer um
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arquivo gigantesco com várias linhas começando com `:`, também faz sentido que o
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arquivo de configuração seja executado em modo Ex.
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O VIM tem um arquivo de configuração global (conhecido com "vimrc") e um arquivo
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para execução em modo gráfico ("gvimrc")[^1]. Ainda, existem duas versões de cada
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um destes arquivos: uma versão global para todos os usuários e uma versão
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definida para o usuário atual. Daqui pra frente, iremos ver as configurações do
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usuário, já que estas sobrepõem as globais.
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"vimrc" e "gvimrc" ficam no diretório dos dados do usuário; em qualquer um dos
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sistemas operacionais hoje, você consegue descobrir o diretório destes arquivos
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com `:echo $HOME` dentro do próprio VIM. Apenas note que embora eu venho chamando
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os arquivos de vimrc e gvimrc, os nomes são, na verdade, ".vimrc" e ".gvimrc" (ou
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"\_vimrc" e "\_gvimrc" no caso do Windows).
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Como existem muitas opções, não vou aqui explicar cada uma delas -- mas, no
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próximo capítulo eu vou mostrar o arquivo que eu estou usando para servir de
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guia.
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O que você vai ver quando abrir um arquivo de configuração:
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## set
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`set` é, efetivamente, a forma de "setar" alguma configuração no VIM.
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Existem dois tipos de configurações: As com valores e flags.
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Flags é mais fácil de ser explicado: você simplesmente seta a configuração. Por
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exemplo, fazer com que o VIM mostre uma coluna com o número de cada linha,
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você pode usar `:set number` (ou simplesmente `set number` dentro do arquivo de
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configuração). Para desligar uma opção deste tipo, você só precisa adicionar
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"no" na frente (para desligar number é usado `:set nonumber`).
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"Valores" é exatamente o que significa: Ao invés de ser uma simples flag, a
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opção recebe uma string ou número. Por exemplo, `:set tabstop=4` irá definir que
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o tamanho da tabulação é de 4 espaços. `:set notabstop` não tem efeito aqui, já
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que não é uma flag.
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Para fazer com que uma configuração volte ao seu valor/estado original, use
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`:set {opção}&`; para verificar o valor de uma opção, use `:set {opção}?`.
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Talvez a coisa não esteja muito clara aqui, mas quando examinarmos um arquivo
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de configuração real, as coisas irão clarear.
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## let
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`let` é usado para definir o valor de uma variável. Uma variável tem sempre um
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valor -- ou seja, não existem "variáveis flags". Variáveis são normalmente
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utilizadas por plugins ou arquivos de sintaxe e, portanto, as variáveis que
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você terá que usar vão depender do que você está usando.
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(Obviamente, se você estiver escrevendo seu próprio plugin — que eu não vou
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abordar aqui — o uso de variáveis vai ser praticamente obrigatório.)
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## if
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`if`, como em qualquer linguagem de programação, serve para execução
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condicional. Você pode, por exemplo, verificar se alguma feature foi ativada na
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compilação do binário, se alguma opção está ligada, etc.
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Por exemplo, para verificar se o suporte à scripts Python foi adicionado, você
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pode fazer:
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```viml
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if has('python')
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" configuração em python vai aqui
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end
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```
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Para verificar se alguma opção está ativa:
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```viml
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if &compatible
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" configuração em modo de compatibilidade com o VI original
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end
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```
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ou para conferir um valor:
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```viml
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if &t_Co > 2
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" configuração quando há suporte a mais de 2 cores.
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end
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```
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E assim por diante.
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## map, imap (e outros)
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`map` pode ser usado para mapear teclas para outras funções. Por exemplo `:map Y
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y$` irá mapear "Y" para executar `y$` (copiar da posição atual do cursor até o fim
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da linha). Com excessão de [Shift], qualquer modificador pode ser usado:
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* C - para `[Control]`
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* M - para `[Alt]` (que normalmente é chamado de "Meta" em sistemas Unix — e por isso "M")
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* O - para `[Command]` (somente em Macs)
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Por exemplo, `:map C-m yy` irá adicionar `[Ctrl]m` para copiar a linha inteira.
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Ainda, a diferença entre `map` e `imap` é que `map` é global enquanto que
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`imap` só irá funcionar em modo de inserção (e assim você pode imaginar o que
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`nmap` e `vmap` fazem, certo?)
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## au (ou autocmd)
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Comandos que são executados em determinadas condições. Condições podem desde
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"FileType" para ações confirme o tipo de arquivo e "BufRead", "BufWrite" e
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relacionados quando um buffer for aberto ou fechado.
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O que seriam os "relacionados"? Bom, alem de ser na leitura/escrita do arquivo,
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podem ser adicionados comandos antes da execução ("BufReadPre", "BufWritePre"),
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depois da execução ("BufReadPost", "BufWritePost") e durante ("BufReadCmd",
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"BufWriteCmd").
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(Existem ainda auto-comandos para quando o editor entrar em modo de edição,
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abrir o VIM gráfico, VIM está fechando, e assim por diante. Para ver todos os
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eventos, digite `:help autocmd-events`.)
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Por exemplo, `au FileType smarty set ai` para ligar a auto-identação quando VIM
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detectar que você está editando um arquivo Smarty (engine de templates para
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PHP). Ou ainda `au BufRead set nocompatible` irá configurar o editor para entrar
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em modo de não-compatibilidade com VI depois de abrir qualquer arquivo.
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Ainda, é possível encadear auto-comandos, por exemplo, `autocmd FileType python
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autocmd BufWritePre :%s/\s\+$//e` irá fazer com que quando o tipo de arquivo for
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"python", seja criado um auto-comando que antes de salvar o arquivo, seja
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executado um comando de substituição no buffer -- que remove espaços em branco
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no final da linha).
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(Se você está perdido com o que está vendo aqui, não se preocupe -- a tendência
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é que, ao ver um arquivo de configuração real, você entenda o que está
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acontecendo).
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[^1] Existe um terceiro, .exrc, mas honestamente, em todo esse tempo usando o
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VIM, eu nunca tinha ouvido falar que este arquivo sequer existia.
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