4.7 KiB
+++ title = "Experimentos com Command Pattern em Rust" date = 2021-07-22
[taxonomies] tags = ["design patterns", "command", "rust"] +++
Eu tenho feito alguns experimentos implementando o command pattern em Rust e encontrei pelo menos duas formas de implementar.
Mas Primeiro... Por que?
Existe uma coisa que eu estou tentando fazer em que o command pattern se encaixa perfeitamente: Eu quero ter uma biblioteca com todas as ações do sistema e implementar uma interface em cima disso, sendo que pode ser uma CLI ou uma interface web ou uma interface qualquer. Para isso, a lógica por trás da ação deve estar de alguma forma isolada da origem da chamada.
O Que É
O command pattern é descrito como ter um objeto para cada ação (porque,
basicamente, os patterns são mais focados em projetos orientados a objetos) e
cada um destes tem um método chamado execute
que... bem... executa o comando.
A Solução Enum
Como o que você têm é uma lista de ações, uma das ideias foi usar Enum
, mesmo
que isso não seja exatamente o que pattern descreve.
Digamos que nós temos duas ações que podem ser chamadas: Depositar dinheiro e sacar dinheiro. Simples.
Assim, podemos ter o seguinte Enum1:
enum Command {
Depositar(Decimal),
Sacar(Decimal),
}
Como Rust permite que as variantes de um Enum carreguem um valor com elas, o valor a ser depositado ou sacado fica anexado junto com a variante.
E então você tem a função execute()
. E, de novo, porque Rust permite que
sejam adicionadas funções em basicamente tudo, o que eu fiz foi adicionar um
método diretamente no Enum:
impl Command {
fn execute(&self) -> Result<...> {
match self {
Depositar(valor) => faz_o_deposito(valor),
Sacar(valor) => sacar_dinheiro(valor),
}
}
}
E assim por diante.
Para usar, eu coloquei algo parecido com isso na minha camada de interface:
let valor = requisicao_externa.valor();
let comando = match requisicao_externa.comando() {
"depositar" => Command::Depositar(valor),
"sacar" => Command::Sacar(valor),
}
comando.execute();
Tudo fica simples e tal, mas existe uma tendência a deixar uma bagunça com a
quantidade de conteúdo que fica dentro ou ao redor do impl
, na minha opinião.
Mas, ao mesmo tempo, a camada de dispatch (que fica entre a camada de
serviço/enum e a camada de interface) é bem básica.
Uma solução para para a quantidade de "conteúdo dentro ou ao redor do impl
"
seria o uso de múltiplos impl
: Ter um módulo deposito.rs
que faz o impl
de faz_o_deposito
e outro módulo saque.rs
que também faz o impl
dentro do
enum com o conteúdo de sacar_dinheiro
. Mas eu ainda precisaria centrar todas
as operações no execute
para ter um dispatch correto.
A Solução com Traits
A solução com trait é bem parecida com o que o pattern diz: Você cria uma trait (interface) e "impl" em todos os comandos, que são structs. Por exemplo:
trait Command {
fn execute(&self) -> Result<...>;
}
struct Depositar(Decimal);
impl Command for Depositar {
fn execute(&self) -> Result <...> {
// o que era o `faz_o_deposito` vai aqui.
}
}
struct Sacar(Decimal);
impl Command for Sacar {
fn execute(&self) -> Result <...> {
// o que era o `sacar_dinheiro` vai aqui.
}
}
... o que parece um pouco mais limpo, já que todas as coisas relacionadas com Deposito ou Saque estão juntas agora.
Entretanto, isso causa um pequeno problema com a camada de interface: Agora ela
não pode mais retorna algo com tamanho fixo: É necessário usar um conteúdo com
dispatch dinâmico, como Box<dyn Command>
, o que não é tão direto quando um
Enum/Struct/conteúdo com tamanho.
Por outro lado, como Box
implementa Deref
, uma vez que a interface retorne
algo-que-implementa-Command, basta chamada execute()
diretamente nele.
let comando = interface_que_retorna_um_comando_num_box_dyn();
comando.execute();
Onde Eu Vejo Esses Dois
Eu consigo ver o uso do Enum em arquiteturas simples, com apenas um domínio. Como toas as coisas são relacionadas, elas podem viver tranquilamente dentro do Enum.
Mas quando estamos lidando com múltiplos domínios, a solução de trait/dispatch dinâmico parece fazer mais sentido: Coisas relacionadas nos seus próprios módulos, nos seus próprios espaços e a ideia de misturar os mesmos (por exemplo, se você tiver um domínio de tags e um domínio de dinheiro, e quer colocar tags nas operações de dinheiro) ficaria na camada acima deles.
-
Decimal
não faz parte da biblioteca padrão do Rust, mas pode ser usada a partir da crate rust_decimal. ↩︎